Uma pesquisa encomendada pelo Instituto Oncoguia, concluiu que a falta de conhecimento do brasileiro sobre o câncer é muito preocupante. O levantamento foi realizado em fevereiro de 2019, com duas mil e duas pessoas, com idades entre 16 e 55 anos, sendo 48% mulheres e 52% homens. Apesar de 100% dos entrevistados conhecerem alguém com a doença, ou ao menos já terem ouvido falar de câncer, quando questionados sobre os fatores de risco da doença, os resultados apresentados são alarmantes.
Os fatores de risco da doença são quase que ignorados pela população. Dois terços dos brasileiros, por exemplo, não vêem relação entre o câncer e a obesidade. Pesquisas científicas confirmam, que o excesso de peso, está associado ao desenvolvimento de pelo menos 13 tipos de câncer, entre eles, o de esôfago, estômago, pâncreas e fígado, mesmo assim, 62% não conseguem ver esta relação. Segundo o estudo, o cigarro também não é visto como vilão. Cerca de 8% dos entrevistados, não associam o câncer ao hábito de fumar, sendo que este é o principal fator de risco para a doença.
A pesquisa mostrou ainda, que 32% dos brasileiros acreditam que o câncer é causado por traumas psicológicos. Ou seja, acreditam em algo que não tem nenhuma comprovação científica, enquanto os verdadeiros fatores de risco não são conhecidos como deveriam. No Brasil, a estimativa para 2019 é de 634 mil novos casos de câncer. Esse número equivale a mais de um caso por minuto. Para a oncologista clínica, Paula Sampaio, não há outra forma de combater esse desconhecimento se não for através da educação. “Não é à toa, que em países desenvolvidos, onde a população é bem informada a respeito do câncer, com campanhas preventivas e políticas públicas eficazes, os índices da doença estão em queda. Podemos ter um exemplo disso comparando o Brasil com a Austrália, que possui condições climáticas parecidas com as nossas, com muito Sol o ano todo. Lá, o câncer de pele tem uma incidência muito baixa e com o diagnóstico precoce em alta, porque a população é bem informada e consciente.
No Brasil, o câncer de pele, não melanoma é o tipo de maior incidência, tanto em homens quanto em mulheres, e, na maioria dos casos, com diagnóstico em fases avançadas. O cidadão bem informado, cuida da própria saúde e cobra do poder público as políticas de prevenção e assistência.
A médica ressalta que melhor do que tratar o câncer, obviamente, é não ter a doença. E cerca de 30% dos cânceres são considerados evitáveis, têm relação direta com estilo de vida e com fatores de risco que podem ser eliminados. Por isso, antes de contar apenas com os avanços da medicina, as pessoas devem buscar a prevenção. “O diagnóstico precoce está diretamente relacionado à informação correta de como se prevenir. Quando a pessoa possui o conhecimento necessário sobre quais exames devem ser feitos, em que período, elas podem colocar em prática essas medidas preventivas. E é importante destacar que não basta apenas saber essas informações. É preciso seguir as recomendações médicas”, destaca.
É muito importante saber as causas verdadeiras para poder prevenir. São fatores de risco: o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo, o consumo de álcool, de carne vermelha em excesso e de alimentos embutidos e industrializados. O estilo de vida é determinante para a pessoa ter ou não câncer. “Quem tem uma alimentação saudável, pratica exercícios físicos com regularidade, dorme bem, não fuma, não consome bebida alcoólica em excesso, não é obeso e nem sedentário diminui drasticamente as chances de ter um dos tipos de câncer considerados evitáveis”, diz a médica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 33% dos cânceres podem ser evitados se optarmos por qualidade de vida e informação.
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